OUÇA EM MP3

O Bem e o Mal

 

INTRODUÇÃO:
Para entendermos a questão do bem e do mal do ponto de vista puramente cultural teremos que conhecer algumas diretrizes criadas ao longo dos tempos por diversas religiões e doutrinas orientais e ocidentais. Temos como um exemplo determinante o Maniqueísmo criado por Manés, nascido na Pérsia, no século III d.C.
Os princípios do Maniqueísmo são alguns princípios adotados por algumas doutrinas como o Zoroastrismo e o Cristianismo.
Estabelece que o bem e o mal estão presentes na vida de todos os indivíduos e, portanto, o mundo encontra-se dividido exclusivamente nessas duas vertentes. O objetivo da existência é o bem vencer o mal. A luz contra as trevas.
Como estamos impregnados destes conceitos até hoje, vivenciamos esta posição cultural. Tentarei trazer alguns símbolos religiosos para efeito de entendimento e seus significados com um olhar baseado no conceito de Polaridade, olhar para estes dois aspectos (bem e mal) de uma unidade, portanto dependentes um do outro para existir.
Façamos as seguintes indagações:
O que é o bem? E o mal? O mal é ausência do bem? Onde está a origem do mal? Em Deus? Nos Homens?  Utilizamos essas perguntas para a introdução deste tema, que se subdividirá em: a origem do mal, as necessidades humanas e o bem versus o mal.
CONCEITO
Bem – Designa, em geral, o acordo entre o que uma coisa é com o que ela deve ser. É a atualização das virtualidades e virtudes inscritas na natureza do ser. Relaciona-se com perfeito e com perfectibilidade. Segundo as religiões, é tudo o que está de acordo com a lei de Deus.
Mal – Para a moral, é o contrário de bem. Se aceita, também, como mal, tudo o que constitui obstáculo ou contradição à perfeição que o homem é capaz de conceber, e, muitas vezes, de desejar. Divide-se em: mal metafísico (imperfeição); mal físico (sofrimento); mal moral ("pecado"). É tudo o que não está de acordo com a lei de Deus.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS:
A questão das mudanças de nossas avaliações é um dos pontos centrais para o entendimento do bem e do mal. Malinovsky, etnólogo polonês, estudando a moral sexual dos selvagens australianos, chegou à conclusão de que tudo o que entre nós é considerado válido e até santo, lá é considerado mal. Embora haja uma moral objetiva, traçada pelas leis divinas, só captamos o que nossa visão interior consegue abarcar. O valor das coisas está constantemente alterando-se, principalmente devido à educação cultural dos diversos povos. O valor, por sua vez, pode ser entendido como: valor moral (refere-se à ação); valor estético (refere-se ao dever ser); valor religioso (refere-se ao sentimento de temor ou de confiança na divindade). Sendo assim, um fato pode ser analisado, respectivamente, como proveniente de uma ação má, feia ou "pecaminosa".
De acordo com a Doutrina Espírita, o problema do bem e do mal está relacionado com as leis de Deus e o progresso alcançado pelo Espírito ao longo de suas várias encarnações. É o que veremos a seguir.
ORIGEM DO BEM E DO MAL:
O MAL NÃO PODE TER ORIGEM EM DEUS...
Muitos pensam que Deus, que é o criador do mundo e de tudo o que existe, também é o criador do mal. Para tanto, as religiões dogmáticas elaboraram uma série de raciocínios sobre a demonologia, ou seja, o tratado sobre o diabo. Baseando-nos nessas imagens, seríamos forçados a crer que existem dois deuses, digladiando-se reciprocamente. A lógica e os ensinamentos doutrinários apontam-nos para a existência de um único Deus, que é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.
Como um de seus atributos é ser infinitamente bom, Ele não poderia conter a mais insignificante parcela do mal.
Então, Dele não pode provir a origem do mal. Todavia, o Mal existe e deve ter uma origem. Onde estaria?
A CAUSA DO MAL:
O mal existe e sempre tem uma causa.
Há males físicos e morais. Há os que não se pode evitar (flagelos) e os que se podem evitar (vícios). Porém, os males mais numerosos são os que o homem cria pelos seus vícios, manifestações perniciosas do seu orgulho, do seu egoísmo, da sua ambição, da sua cupidez, de seus excessos em tudo.
No que tange aos flagelos naturais, o homem recebeu a inteligência e com ela consegue amenizar muito desses problemas. Contudo, em razão de seus vícios, por suas ações culmina por influenciar e interferir no mundo, provocando graves desequilíbrios na natureza, a qual, provocada,  reage a curto, médio ou em longo prazo, mas certo é que há uma resposta, menos ou mais danosa, tudo depende da intensidade da ação do Homem.
No sentido moral, o Mal só pode estar assentado numa determinação humana, que se fundamenta no livre-arbítrio.
Enquanto o livre-arbítrio não existia, o homem não cometia o mal, porque não tinha responsabilidades pelas suas ações. Depreende-se que é pela facultada liberdade de arbítrio que passamos a fazer escolhas e com isso conhecemos o erro e consequentemente a praticar o mal.
Discernimos sobre o certo e o errado, temos noção do que é moral e do que é imoral, conhecemos as diferenças entre luz e trevas, quente e frio, amor e ódio, a fartura e a miséria, a dor e o prazer, etc..., inclui-se neste rol o BEM e o MAL.  Enfim, todos sabem que para tudo há o seu oposto, daí se poder afirmar que o bem e o mal são opostos entre si, no entanto são infinitamente e intimamente relacionados, dependentes um do outro. Pois, não haverá Mal se não houver o Bem.
O PRINCÍPIO DO BEM E DO MAL:
O bem e o mal como princípios podem ser encontrados no livro da natureza. O conhecimento deles requer experiência. Tomemos as figuras de Adão e Eva. Eles comeram o fruto proibido, instigados pela serpente. Para conhecerem o bem e o mal, tiveram de prová-los. Mas Adão pode ter pensado: não vou ligar para isso, pois foram a serpente e a Eva que me tentaram. Porém, nesse momento, Deus passou-lhe a noção de responsabilidade. A "consciência moral" começa com a responsabilidade.
O primeiro ser humano, Adão era um ser humano total, ou seja, um andrógino. Não era sujeito a uma consciência polarizada, vivia em um estado de Unidade.
Surge o Pecado que é o fato de nos afastarmos desta Unidade.
Daí se tem que pecar é sinônimo de polarizar-se. O homem possui consciência polarizada portando é um pecador. Pecado é a polaridade propriamente dita e não o que a Teologia nos ensinou como apenas em fazer o mal e evita-lo fazendo o bem. O pecado sendo a própria polaridade é inevitável.
Nosso caminho em rumo à perfeição ou a este estado de unificação e totalidade é o caminho por entre os opostos. E caminhar na polaridade implica tornar-se culpado.
Neste ponto se estabelece a relação culpa <=> pecado = MAL
Deste modo, O BEM é a ausência de culpa, a ausência do pecado.
Como tudo na vida evoluí a nossa consciência também evolui.
No nível psíquico o símbolo faz a articulação entre o consciente e o inconsciente. Ele é mediador e organizador do Ego. Assim, partindo da premissa de que tudo que não está de acordo com a Lei de DEUS é pecado, teremos que o  pecado é a identidade do MAL, no entanto, fazendo o Homem uso de seu próprio arbítrio, num estado mental de individualmente atribuir valores e definir o que seja BEM e o que seja Mal, verificaremos que dado a própria liberdade facultada, muitas vezes o que é MAL para um individuo não será para o outro, o mesmo pode ser dito em relação ao BEM.
O estado consciencial em que vivemos é o da dualidade ou bipolaridade. O conhecimento sobre a polaridade veio dos antigos Chineses quando propuseram a existência de dois princípios, o YIN e o Yang ou os princípios masculinos e femininos. Eles englobam o nosso intelecto e os estados afetivos. São princípios opostos, forças que interagem para manter o equilíbrio do Universo.
Heráclito de Éfeso na Grécia antiga concebia o Universo como este conflito entre duas forças opostas. Teríamos que apreender a realidade com suas mudanças e contradições.
Carl Gustav Jung também acreditou nestes princípios da Polaridade e compara a psique humana a um espectro de Luz. Em níveis inferiores, ou seja, nos substratos orgânicos e institual, os feixes seriam infravermelhos e em seus aspectos superiores seriam ultravioletas transmutando-se em formas espirituais.
Pecar é sinônimo de polarizar-se.
Quando começarmos a dar valor à moral, nosso progresso começa a se fundamentar. O Espírito André Luiz, no livro Evolução em Dois Mundos, psicografado por Francisco Cândido Xavier, traça-nos a trajetória do princípio inteligente através dos vários reinos da natureza. O princípio inteligente é conduzido pelos "Operários Espirituais". A repetição dos atos cria a herança e o automatismo. Ao adentrar na fase hominal, ele adquire o pensamento contínuo, o livre-arbítrio e a razão. Aos poucos esses operários espirituais vão entregando o aprendizado ao livre-arbítrio, sob a própria responsabilidade.
NECESSIDADES HUMANAS:
O QUE É UMA NECESSIDADE?
Necessidade é a consciência de que nos falta algo. Por que nos falta algo? Porque a necessidade, sendo um estado de espírito e um atributo do homem subjetivo, impõe ao homem este ou aquele desejo. As necessidades podem ser: a) prioritárias: comer, beber, dormir etc.; b) secundárias: vestir-se bem, passear, cinema etc.
Em termos espirituais, as necessidades vão se depurando conforme vamos galgando novos degraus de evolução espiritual. Há, assim, muita sabedoria no provérbio: "Deus, livra-me das minhas necessidades". Deveríamos deixar de lado os apetites da carne e nos direcionarmos para os anseios do Espírito.
VÍCIOS:
Os vícios são as ações que tendem para o mal. Allan Kardec diz: "Se o homem se conformasse rigorosamente com as leis divinas, não há duvidar de que se pouparia aos mais agudos males e viveria ditoso na Terra".
Razão assiste à afirmativa supra referida, pois, ao verificarmos o contido na Tábua da Lei contendo tão somente “Dez Mandamentos”, entre eles podemos bem compreender e identificar o que seja VIRTUDE (BEM) e o que seja VICIO (MAL).
Deste modo, se observarmos a pratica das Virtudes estaremos praticando o BEM, em contrario, inobservado a prática das Virtudes estaremos tendendo para o Vicio e por decorrência, à prática do MAL.
Há um ditado que diz: "devemos comer para viver e não viver para comer". Contemplemos o exemplo: O animal, só come para preservar a sua vida; o homem, dotado de inteligência, come mais com os olhos do que com a boca. O vício surge não pelo fato de atender as necessidades, mas no excesso com que se atendem essas necessidades.
É preciso, pois, relembrar que todos sofreremos as consequências de nossas ações, quer sejam boas ou más.
ESTENDER O BEM "Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem". — Paulo. (Romanos, 12, 21)
Devemos nos concentrar no bem, estendendo-o ao infinito, porque o mal é passageiro e fruto da ignorância humana.
Jamais nos tornemos  DESERTORES DO BEM.
Se soubéssemos, de antemão, o tributo de dor que a vida nos cobrará, evitaríamos o homicídio, a calúnia, a ingratidão e o egoísmo. O mesmo sucede com aquele que se esquiva do bem. Lembremo-nos de que viemos a este mundo para cumprir uma missão, um dever. Devemos nos compenetrar na necessidade de praticar o bem, reconheçamos que DEUS nos DETERMINA A SERMOS BENEVOLENTES. “AME O TEU PRÓXIMO COMO A TI MESMO”.
Resistir ao Mal É O NOSSO DEVER, devemos suportar sua presença pacientemente, mas sem nunca perder de vista o Bem. Haverá tentações, desânimo, mal-entendidos e incompreensões alheias. Nada disso deve tirar o ensejo de continuarmos firmes em nossa jornada evolutiva, pois "a seu tempo ceifaremos se não houvermos desfalecidos".  
CONCLUSÃO
Não nos detenhamos apenas em praticar atos de caridade; sejamos também caridosos. Auxiliemos o próximo, não por uma espécie de convenção social, mas como um arroubo que parte do íntimo de nosso coração.
A luz existe, mas a escuridão não. Ela transforma imediatamente as trevas em Luz. O que não se dá ao contrário.
O mal é um subproduto de nossa consciência polarizada e é um intermediário para a percepção do Bem. O mal nunca será o oposto do bem.
O desespero em dividir as polaridades é o próprio mal. O "mal" é o caminho para obtermos a percepção intuitiva. A única capaz de nos tirarmos da polaridade. Somente a intuição pode romper com as normas estabelecidas e inaugurar novas visões e ampliar a consciência.
A imparcialidade é a palavra, observar os fenômenos sem avaliá-los entre sim e não. Ou seja, sem nos identificarmos. Aqui está a força egóica. Não atingiremos o mundo perfeito através de repressões, forças e divisões.
Teremos que entender que os opostos nunca se unirão e sim perceber sua dinâmica e aceitar.
O nosso olhar deve se apurar. Observar é o caminho para o autoconhecimento.
Que o ALTISSIMO nos preencha com sua LUZ.
Saudações Fraternais a todos nasTres Pontas do Triangulo.
Ir.’. Reinaldo
ARLS.’. Luz do Mundo
Or.’. de Itapetininga (SP)